Alguns devaneios sobre os modelos de assinatura e como isso está transformando o jeito de fazer negócios

Há alguns anos, falaram que as redes sociais iriam matar o e-mail. Afinal, por que acessar um Gmail da vida se dá para abrir o WhatsApp ou o Facebook e falar com o pessoal? Algo parecido aconteceu num passado mais longínquo, quando a TV surgiu e as pessoas começaram a perder o interesse pelo rádio. “Ninguém mais vai querer consumir algo que não seja visual”, eles pensaram.

Eis que, veja só, estamos em 2018 e você assinou uma newsletter que chega diretamente na sua caixa de entrada – e é bem provável, também, que tenha trocado a trilha sonora do trajeto casa/trabalho por algum podcast, o que não deixa de ser uma versão turbinada de um programa de…rádio.

É, o jogo virou.

O consumo desses tipos de conteúdos está tão em alta que o próprio Spotify, principal serviço de streaming de música do mundo, lançou recentemente uma campanha no Brasil justamente para divulgá-los – e, claro, atrair potenciais assinantes que não buscam somente as 30 milhões de músicas que a empresa sueca tem no acervo. Para quem é da leitura, iniciativas como o Meio e o jornal Valor Econômico também dedicam braços e tempo para compilar notícias e enviar para os endereços eletrônicos de quem demonstra interesse.

Todos no mesmo barco
O fato de alguém trocar os hits pelos podcasts ou gastar bons minutos lendo um e-mail em vez de rolar o feed do Instagram não é mais uma mania nostálgica da nossa geração.

Na verdade, é comportamental e diz muito sobre o momento que estamos vivendo: cada vez mais, as pessoas querem possuir menos coisas físicas (tchau, pilhas de DVDs), ter acesso a diversos conteúdos e otimizar ao máximo seu tempo – o que, aliás, tem valido mais do que barra de ouro. O minimalismo é real, e é aí que entra a sensação da vez: os modelos de assinaturas.

Em seu último relatório de tendências digitais, a americana Mary Meeker, considerada a guru da internet por suas apresentações anuais, já deu a dica: o negócio é quente porque além de acesso, oferece variedade de preços, experiências diferentes, seleção e, principalmente, personalização. Você tem à disposição o que precisa e na hora que precisa. Fora, claro, a tranquilidade e praticidade de saber que tudo estará a um clique de distância.

Essa onda, como não poderia deixar de ser, tem chacoalhado grandes indústrias. Para agradar (e fidelizar) os consumidores finais, muitas empresas tradicionais estão cara-a-cara com a necessidade de transformar seus modelos de negócio. Bem ao estilo update or die.

Exemplos? A Adobe, gigante dos softwares de criação. Em 2010, ter o Photoshop instalado custava por volta de R$ 1.900 e demandava todo um processo de compra do programa, instalação e vários gigabytes na máquina. Hoje, com o Adobe Creative Cloud, em poucos minutos e por mensalidades a partir de R$ 35, você assina esse e mais outros softwares de uma vez só.

Se está dando certo? Em 2013, a empresa tinha 1,44 milhões de assinantes. Hoje, já passa dos 12 milhões e a expectativa é atingir os 19 até 2024. Ou seja.

Outras gigantes tomaram rumos parecidos. No universo dos games, por exemplo, a Microsoft, que antes cobrava cerca de R$ 200 por um jogo de XBox, agora disponibiliza na nuvem mais de 200 por mensalidades a R$ 30. Fora da tecnologia, a Editora Globo, dona de títulos como Época Negócios e Glamour (R$ 18 e R$ 10 nas bancas, respectivamente), lançou o aplicativo Globo Mais, que dá acesso digital a esses e outras publicações pelo preço de duas revistas.

Sabe o que é isso?
Na prática, é basicamente o que é abordado no livro Organizações Exponenciais, escrito por Salim Ismail, Michael S. Malone e Yuri Van Geest. Para sobreviver, as empresas precisam acompanhar as tendências e inovar. E o futuro, ao que tudo indica, está na nuvem (e no seu e-mail, no seu celular, e por aí vai).

É importante dizer, porém, que nem tudo são flores. Da mesma maneira que o modelo de assinatura torna a aquisição de clientes mais fácil, também basta um clique para que eles cancelem caso não estejam satisfeitos. E é aí que mora a brincadeira. Ninguém quer ver a taxa de churn crescendo, né? De um lado, então, temos executivos apavorados. De outro, consumidores mais exigentes do que nunca.

Como bons fãs de assinaturas que somos, seguimos acompanhando o cenário (e também colocando as mãos na massa quando um associado ou startup surge com esse desafio).

Nosso time indica
O que algumas pessoas do iDEXO assinam:

Saulo Negri // Tech Buddy
“Eu sou muito fã de anime e tinha dificuldade para achar episódios legendados de uma forma legal (de lei mesmo) e barata. Não é uma mídia que tem muito espaço na TV aberta e não queria pagar um valor alto por tv por assinatura. Na Crunchy Roll, pago apenas 5 dólares por mês e tenho acesso aos lançamentos de animes poucas horas depois da exibição nas TVs japonesas.”

Luiza Terpins // Head de Comunicação
“Assinei essa semana o Prime Video, serviço de streaming de filmes e séries da Amazon. Fiquei intrigada depois que The Marvelous Mrs. Maisel, produção original deles, foi a grande vencedora do Emmy deste ano. So far, so good – e custa R$ 7,90 por mês.”

Bianca Guimarães // Community Manager
“Para quem precisa fazer banners e peças para as redes sociais, uma ferramenta interessante é o Canva. Tem a versão freemium e a paga, que custa USD 9,95 e tem funcionalidades extras e acesso a mais de 400 mil imagens e ilustrações.”

Rafael Arevalo // Maker
“O Netflix tem uns documentários originais muito legais. Para quem não sabe nada sobre impressão 3D e gostaria de entender esta tecnologia desde a parte técnica até suas aplicações no mundo dos negócios, indico o Print the Legend.”