Por: Vítor Andrade

A mudança acelerada no comportamento do consumidor final tem aumentado a pressão pela transformação digital dos negócios. Além de exigir dos fornecedores de soluções B2B novas respostas numa velocidade cada vez mais rápida. 

Parte dessas respostas pode vir de dentro de casa com o desenvolvimento de soluções próprias. No entanto, cada vez mais é importante pensar numa estratégia de inovação aberta que combine as forças da empresa e de um ecossistema de parceiros por meio de relações cliente-fornecedor, parcerias comerciais, investimento e M&A, entre eles o de startups.

Acredito que as empresas que queiram se manter relevantes necessariamente vão precisar construir iniciativas de inovação aberta e isso tem se refletido no ecossistema brasileiro.

Em 2017, ano de fundação do iDEXO, eram apenas 154 empresas com relacionamentos com startups. Já em 2021, esse número cresceu 21 vezes e alcançou 3.300 empresas. 

A velocidade das mudanças, a escassez de talentos disponíveis no mercado e o aquecimento da indústria de Venture Capital têm tornado o M&A algo essencial na estratégia de crescimento das empresas. 

Recorde de operações

O ano de 2021 marcou um recorde no número de fusões e aquisições no Brasil. Foram 247 transações deste tipo, número mais de 3 vezes maior que o registrado em 2019. 

Esse aumento das operações de M&A também se refletiu na comunidade do iDEXO. Apenas em 2021, 16 startups da comunidade foram envolvidas em processos, contra apenas 1 entre os anos de 2019 e 2020 (Delivery Direto adquirida pela Locaweb em 2019).

Alguns dos destaques de 2021 foram as aquisições da Octadesk, solução de chat commerce, pela Locaweb. A da empresa de benefícios Vee pela Swile, unicórnio francês do setor, que marcou a entrada da empresa estrangeira no Brasil. Assim como a compra da participação dos sócios na Memed pela DNA Capital. 

Segundo o Distrito, as startups de serviços financeiros, varejo, e marketing e vendas foram as mais procuradas para M&A. Elas representaram mais de 45% de todas as operações de 2021.

Na nossa comunidade, as operações estão mais distribuídas entre os setores. Com algum destaque para o segmento de saúde, com 4 operações.

M&A Startups

Outro destaque de 2021 foi o aumento do número de aquisições de startups por startups, algo pouco comum em anos anteriores. Agrosmart e Gupy, duas startups da nossa comunidade, por exemplo, fizeram suas primeiras aquisições: adquirindo a Booster Agro (Argentina) e a Niduu, respectivamente. 

O ritmo de crescimento nas operações de M&A de startups não parece estar se reduzindo. Dados do Distrito apontam que, nos dois primeiros meses de 2022, foram 34 operações, contra 22 realizadas no mesmo período de 2021. 

Aqui na nossa comunidade, apenas no primeiro trimestre de 2022, já aconteceram 5 operações envolvendo startups. Com destaque para a aquisição da Lahar pela Ramper e a aquisição da Kenoby pela Gupy, segunda operação da Gupy em menos de 1 ano. 

Investimentos impactam na aceleração do M&A

Outro fator que deve contribuir para o aumento de M&As é o investimento recorde captado pelas startups brasileiras. Em 2021 foram cerca de R$ 16,7 bilhões e, apenas nos dois primeiros meses de 2022, R$ 6,8 bilhões. Os montantes devem ser usados, em boa parte, para acelerar o crescimento inorgânico das empresas, ampliando o portfólio de produtos e o acesso a talentos e clientes. 

Além de beneficiar as empresas envolvidas na operação e seus clientes, o aumento de M&As traz mais liquidez para o mercado. Empreendedores e investidores são remunerados pelo investimento de tempo e dinheiro realizado. Com isso podem utilizar os recursos obtidos com o exit para investir ou criar novos negócios, gerando um ciclo virtuoso para o ecossistema

Se você quer vender sua startup e quer saber como se preparar, recomendo a leitura do nosso artigo com a Karolyna Schenck, diretora executiva de M&A na TOTVS , disponível aqui.